Boletim médico da UTI do Flamengo: o paciente passa bem mas ainda inspira cuidados (ou: pra que esta trolha tão grande, presidenta? É pra te f....!!).
Como disse no post anterior, o Flamengo precisava urgentemente de uma cirurgia radical, uma vez que o câncer crescia descontroladamente e havia sérias suspeitas de que a metástase já se iniciara. Uma decisão pela abordagem radical é sempre difícil, suscita polêmicas, dúvidas entre aqueles que amam o paciente, mas é sempre melhor entregar a decisão a quem tem competência para fazê-lo que fazer uma assembleia em família para decidir sem bases racionais, só pelo amor e pela apreensão. O medo paraliza.
Assim como é preciso um cirurgião preparado, gabaritado, para tal procedimento na medicina, na vida de um clube também é preciso que haja pessoas com poder e vontade de fazer o que é necessário, por mais doloroso e extemporâneo que possa parecer. Muitos questionam se era o momento certo para tomar medidas tão radicais, quando conseguimos a duras penas a classificação para as oitavas de final da Libertadores, se isto não iria trazer mais tumulto ainda para um ambiente já conturbado, e outros questionamentos plenamente compreensíveis, porém infundados.
Não existirá nunca um momento em que tais medidas sejam indolores e sem sequelas; quanto mais tempo se deixa o fermento agir, mais o problema se avoluma, até que se torne impossível solucioná-lo. Melhor seria impedir que situações assim ocorressem mas, já que houve incompetência e conivência de administrações anteriores, o melhor é agir o quanto antes até para evitar que precisemos chegar ao ridículo de uma queda à segunda divisão para que se corra atrás do prejuízo.
Aqui cabe abrir parênteses para dizer que não gosto nem desgosto de Patrícia Amorim, não confio em políticos (caso dela), nem nos sanguessugas que há anos dilapidam o patrimônio do Flamengo e agora estão com ela no poder do clube, mas apreciei a coragem e determinação demonstradas até o presente momento.
Mesmo o tato por ela demonstrado, primeiro conversando com os que seriam demitidos, depois com os jogadores, para só então se dirigir à mídia (e mesmo assim para dar uma satisfação tanto aos sócios do clube quanto à torcida, ao invés de para se promover e arrotar autoridade) é algo que não se vê com frequência, nem no mundo do futebol (não é mesmo, MB2?), nem em outras atividades. E não fugiu de nenhuma das perguntas dos ávidos repórteres, embora o desconforto fosse visível!
No post anterior também citei
quatro medidas que tomaria com relação ao elenco - e foi aí que me questionaram se eu não estaria
maluco em querer afastar diversos jogadores
de uma só vez – e falei também da necessidade de
esmagar a cabeça da
Hidra, nas figuras de
MB2, O Boquirroto, e
Bruno et caterva, os chefes da
famigerada panelinha. Um
já foi tarde!Para surpresa até de mim mesmo a panelinha provou que eu estava certo muito antes do esperado. Primeiro a atitude simplesmente ridícula que teve Bruno ao sair vaiado na 4ª feira ao fim do jogo, depois uma manifestação estapafúrdia e até aparentemente infantil durante o pronunciamento da presidenta da instituição Flamengo! Nada mais didático que isto para provar meu ponto de vista.
Como os “manifestantes” não são nem mentalmente incapacitados (ah, maldição de politicamente correto! rsrs) nem se encontravam numa assembleia de condomínio, me dou o direito de supor que o que ocorreu teve respaldo e foi orquestrado, não só entre eles, mas com apoio de outras correntes dentro do clube.
Estas correntes seriam as mesmas que até ameaçaram veladamente a presidenta com convocação de reunião de conselho, para debater - vejam só! - as decisões que ela nem havia ainda anunciado. Isto ocorreu ainda na noite em que a reunião entre ela e seu vice ocorreu (tendo depois a participação de MB2 em parte dela), mostrando mais uma vez o quanto o jogo de informação/contrainformação corre solto na Gávea.
Abro novos parênteses para deplorar o envolvimento de membros organizados de facções (me recuso a chamá-las de torcidas organizadas), tanto em reuniões espúrias com “representantes” dos jogadores quanto na orquestração de publicação de textos de apoio ao moribundo MB2 em blogs e outros meios. Papel de torcedor é torcer, e não se meter no trabalho de dirigentes! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, como diz o Canhotinha...
Está mais que claro que as medidas tomadas até agora eram mais que necessárias, porém insuficientes para colocar o Flamengo novamente nos trilhos. Se alguém ainda duvidava da necessidade de medidas contra determinados jogadores, os últimos acontecimentos mostram a urgência também destas ações. Compartilho do pensamento dos que receiam que possa haver corpo mole devido ao que ocorreu, pois há muito já não confio cegamente em nada, quanto mais no caráter dos envolvidos. Parar por aqui, sem eliminar os focos que se espalharam como numa metástase tem efeitos largamente documentados, tanto na medicina quanto em tudo mais na vida.
Prefiro um plantel menos qualificado tecnicamente, mas com jogadores com caráter e foco em exercer a profissão para a qual são regiamente pagos, que elementos mais preocupados em garantir suas regalias em detrimento do principal, que é o clube. O término de alguns contratos sem haver renovação (Álvaro, Love e até David – este por ter problemas até com o Palmeiras, creio eu seja a razão) e a venda de outros, como Bruno e Toró, se encarregarão de dar solução no devido tempo – a menos, é claro, que seja necessário agir antes! Outros deverão naturalmente se acalmar após isto.
Neste imbróglio todo o maior injustiçado foi Andrade, mas mesmo assim o seu afastamento se fez necessário por ter perdido totalmente o controle sobre o grupo, se é que algum dia o teve (desconfio que houve mais interesse que submissão). Tivesse ele tido o respaldo e a atuação firme do departamento de futebol do Flamengo quando a panelinha começou a botar as manguinhas de fora, talvez nada disto tivesse acontecido; ao invés disto, sempre que algum superior hierárquico intervinha, era para apagar incêndio com gasolina e exibir, a quem quisesse ver, o quão despreparados para a função o eram (vide MB2). A cirurgia neste ponto foi um sucesso!
Não me iludo que tudo doravante será um mar de rosas; neste momento os participantes da chapa no poder discutem como melhor dividir o butim, quem fica com o que em troca de que, coisas do gênero. Dependendo de quem passar a exercer os papéis vagos no departamento, ainda que provisoriamente, poderemos ter novo desperdício de oportunidade na crise, apenas para saciar a sede de poder e dinheiro de quem não tinha ainda se apossado da galinha dos ovos de ouro: o departamento de futebol.
Também o novo treinador a ser contratado é um ponto crucial, não apenas para o momento atual, em que pretendemos seguir em frente na Libertadores, mas para definir que jogadores podem ainda ser aproveitados ou não, e o que pretendemos apresentar também no segundo semestre, quando um Campeonato Brasileiro comprimido devido à Copa não perdoará nem um time mal treinado e sem tempo para treinar, nem um time sem foco ou com foco em coisas outras que não o futebol.
Confesso que nenhum dos nomes aventados me apetece, até porque são muito poucos os treinadores que me agradam no nosso futebol. Tudo irá depender da ousadia, tanto para buscar no mercado quanto para pagar sem chorar mas, por favor, que não me venham com mais problemas do tipo Vanderburgo Luxeley, que têm uma agenda muito diferente de apenas treinar uma equipe, mais interessados que estão em implantar, não uma filosofia, mas um esquema com equipe completa e agência de jogadores e outros profissionais. De câncer já basta o nosso!
Gostaria de convidar a todos que lerem este post a deixar suas impressões sobre este momento delicado que vive o Flamengo, para que possamos todos refletir sobre o futuro que queremos para o time de nosso coração. No mais, e antes que duvidem de mim devido às minhas reflexões, reafirmo que continuo torcendo fervorosamente para nossa vitória, não só nas oitavas, mas em tudo que vier pela frente!!
É isto!
SRN