segunda-feira, 8 de março de 2010

Ô Adriano, cê tá me ouvindo?

O assunto mais “quente” do momento, principalmente para (mal)dita mídia esportiva, na sua parte marrom, é o “barraco” entre Adriano e sua ex-atual-ex-noiva na favela da Chatuba, Complexo do Alemão, na madrugada da véspera do jogo entre Flamengo e Resende. Não pretendo comentar a vida particular dele, suas preferências, suas amizades nem seus vícios, pois eles são exatamente isto: particulares. Mesmo o fato de não poder servir de modelo para os mais jovens, embora possa ser lamentado, não faz parte do contrato. Ou faz? Todos conhecem as origens do jogador, e ele é apenas mais um produto do meio em que nasceu e cresceu, nada mais natural que aprecie e desfrute de seu meio; julgar isto é hipocrisia e arrogância, e não sou dado a isto.

Como sempre, não me proponho a fazer nenhuma análise aprofundada sobre o tema – não sou profissional capacitado para isto – e nem me arrogar o papel de dono da verdade ou possuidor da solução milagrosa para o problema; quero sim expor o que penso sobre o assunto, minhas reflexões, a minha visão particular sobre o caso. Infelizmente não dá para fazer um texto curto sobre este assunto, pois me interessa explorar vários aspectos. Quem estiver curioso em conhecer o que penso, vem comigo! rsrs


Me interessa discutir o jogador Adriano, sua importância para o Flamengo, sua influência sobre o grupo de jogadores que com ele convivem e o quanto o que ele faz no extracampo afeta seu desempenho em campo. O resto deixo para as candinhas, que parecem ser pagas para isto, ao invés de informar, reportar...

Não quero perder tempo levantando o histórico de sua chegada ao Flamengo, após abandonar o futebol na Itália, embora isto explique muito do que ora ocorre; este assunto já foi bastante veiculado na mídia escrita, de rádio, televisiva e de Internet, mas ele explica porque ele se encontra hoje jogando no Brasil e, em parte, o tal contrato com privilégios – que abomino e condeno! – assinado entre seu representante e o clube.

Por que condeno o tal contrato sem nem mesmo conhecer o seu teor exato (que, alias, parece que ninguém conhece)? Para ficar no popular, pela regra da cabecinha! rsrs uma vez que ela passa... bem, vocês já entenderam, não é mesmo?


Falando seriamente, uma vez que se concede a alguém regalias que vão contra a prática usual e necessária para o exercício de uma dada atividade, qualquer atividade, fica difícil controlar seu uso, coibir seu abuso e mesmo a extrapolação destas para outras, ainda mais prejudiciais. Vejam que não critico quaisquer regalias em geral, apenas as esdrúxulas.

Não adianta: o ser humano é assim, sempre irá explorar as fronteiras, seus limites, e tentará ultrapassá-los. Foi assim que evoluímos como espécie, está no nosso DNA (para não falar na famigerada “lei de Gérson”... me perdoe, querido canhota rsrs). Que dirá um jogador de futebol, que é preparado apenas para isto mesmo: jogar futebol. Apenas e tão somente isto. Nem todos são possuidores da formação (de berço), caráter e cabeça de um Zico, todos devemos ter em mente. E não é uma crítica a quem não os tem, apenas uma constatação...


Não considero Adriano um craque - meu critério é extremamente rígido quanto às características necessárias para que um jogador seja considerado craque – mas é um jogador extremamente diferenciado, com muitas qualidades únicas que fazem com que se destaque e decida partidas e mais partidas. Mas para isto ele precisa estar fisicamente apto, além de mentalmente sadio, focado; caso contrário transforma-se no mais caro poste de luz de que se tem notícia! Isto sobrecarrega seus companheiros em campo, para não falar do impacto psicológico no resto do elenco que, ainda assim, sabe que a chance de ganhar sua vaga é próxima de zero! (sem justificá-los, pois são sofríveis mesmo, mas Denis Marques e Gil que o digam...)

Tenham uma certeza: privilégios dos outros só não te incomodam enquanto deles você se beneficia, mesmo que indiretamente, ou enquanto eles não te prejudicam! Fora disto, você começa a chiar, no começo bem baixinho para, na crise, dizer: eu não disse? Aquilo não poderia dar certo mesmo!! He he he, é duro, mas é a realidade, somos assim mesmo; há os que admitem, há os que mentem até para si mesmos...


A realidade é que, desde o episódio da queimadura – que me recuso a especular, mas que foi bastante estranho – às vésperas dos jogos finais do BR-09, Adriano não vem bem, se desconectou, nota-se em campo seu semblante fechado e seu rendimento muito abaixo do que pode. Este ano então, parece até que não fez a pré-temporada pois se encontra bastante fora de forma e ainda não fez sequer uma partida que possa ser elogiada, dentro do nível de expectativa que o cerca sempre. Até fez alguns gols mas isto não pode esconder sua falta de aplicação.

E aí entra o extracampo afetando o campo: é notório que está passando por problemas pessoais, e que estes problemas o estão tragando para o sumidouro da depressão e da bebida que já enfrentou antes e que são, sabemos, incuráveis. Resta tratar e controlar, para que possa voltar normalmente às atividades e, usando suas próprias palavras, voltar a ser feliz! Mas é preciso ter vontade e determinação, que parecem faltar, na medida necessária, neste momento.


A diretoria, que tanto critico pela excessiva vontade de aparecer na mídia (e o boquirroto do MB2 já foi novamente para a frente dos holofotes das câmeras de TV, para expor o problema com bebidas do atleta – um detalhamento desnecessário, menos para este senhor), desta vez agiu corretamente ao afastá-lo temporariamente do grupo, dando-lhe um tempo para reorganizar sua vida pessoal e sua cabeça. Não tenham dúvidas de que seria muito pior forçá-lo a permanecer com o grupo naqueles primeiros momentos; a família e os amigos são o melhor apoio que ele pode encontrar, fora dos meios profissionais a que ele, sem dúvida alguma, precisa recorrer logo. Num segundo momento, o ambiente de trabalho pode sim se mostrar benéfico, o que já veremos a partir de hoje. Mas tudo dependerá de como ele estiver se sentindo, do seu grau de comprometimento consigo mesmo, com sua vida, e com o Flamengo.

De fato, sua carreira pode encontrar-se realmente ameaçada, não só no Flamengo e na Seleção neste momento, mas para o resto de sua vida, caso ele sucumba à depressão e à bebida. Cabe pois, aos que o cercam, apoiá-lo criticamente neste momento, sem passar a mão na cabeça, mas com a compreensão de que não é simples nem fácil superar estes obstáculos que, infelizmente, a vida lhe apresentou. Ao Flamengo cabe seriedade e postura, apoiá-lo profissional e humanamente, e rever urgentemente seus valores e suas políticas de privilégios. Quanto a nosotros, da Magnética, cabe-nos torcer por uma resolução rápida e da melhor forma possível e, principalmente, não cornetar, pois o caso é sério e ele, voltando, precisará do nosso incentivo e também da nossa cobrança, desde que racional. A mídia? Ah, a mídia... a mídia tem mais é que se... rsrs


Boa sorte, Adriano! Que você se recupere e volte logo, para desespero da Torcida Arco-Íris de todo o Brasil, e a agonia dos zagueiros adversários na Copa 2010.

É isto!

SRN

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